sábado, 28 de janeiro de 2012

Nightmares

A temperatura caíra a noite.
O aquecedor estava ligado e eu rolava na cama. Meu subconsiente funcionava, mas eu estava perdida em meus sonhos. Eu dormiria até mais tarde, até que meu celular começou a tocar.
Engoli um palavrão e movi minha mão até o criado-mudo. Ele continuava a tocar. Olhei no identificador: Sarah.
Estranho. Sarah sempre dormia cedo. Atendi e acho que a minha voz nem saiu:
- Alô?
- N-Nessie?
Ela gaguejou e sussurrou. Okay, aquilo não era comum. Sentia dor em sua voz. Rapidamente, sentei-me na cama, cobrindo-me com os lençóis.
- O que aconteceu? - Perguntei, aflita.
- É Tom - Ela disse, baixinho. - Ele ficou com raiva por eu ter chegado tarde...
Então ela começou a chorar. Um choro de soluços, que partia meu coração. Levantei da cama e comecei a me vestir.
- Estou indo.
Desliguei o celular e, com minha velocidade sobrehumana, em pouco tempo eu estava vestida. Abri a porta e subi para o terceiro andar, indo para o quarto da minha mãe. Chamei:
- Mamãe?
Ouvi murmúrios e outros barulhos que não consegui identificar. Em questão de cinco segundos minha mãe apareceu usando calça jeans e uma blusa de meu pai. Em circustâncias normais eu teria dado uma gargalhada, mas agora não.
- O que aconteceu, filha? Deveria estar dormindo, vamos viajar às 6 horas...
- Mãe, Sarah está com problemas, o pai adotivo dela fez alguma coisa mas ela não me disse, ela estava chorando muito.... - Parei para respirar. - Se o papai vier comigo, o cara pode ser agressivo, mas você tem o escudo... Vamos logo!
Ela correu para dentro do quarto e pegou uma blusa. Desceu a escada antes que eu pudesse piscar. Fiz o mesmo, apesar de não ser tão graciosa quanto ela. Entramos no Mercedes preto e só então tive tempo de respirar.
- Vamos logo. - Eu disse, e ela acelerou.
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Nem de longe a casa nova de Sarah era bonita como a antiga.
Talvez porque sua falecida mãe tinha um ótimo gosto, enquanto a nova é totalmente apática. Eu havia a "conhecido" na formatura. Essa era sem graça. Saí do carro correndo na velocidade humana, para que nenhum vizinho que estivesse espionando não se assustasse. Olhei pela janela, Sarah estava encolhida no chão, chorando. Abri a porta e corri em sua direção. Ela chorou no meu colo como uma criancinha. Minha mãe entrou logo atrás, nos abraçando.
- Vai ficar tudo bem, olha pra mim. - Eu coloquei seu rosto em minhas mãos, mas devo admitir que preferia não ter visto. Acima do olho direito, estava inchado e roxo, e seu lábio estava machucado.
- Ah, Deus... - Disse minha mãe, colocando a mão sobre o olho de Sarah, já que ela era fria. De repente, um homem usando um roupão azul surgiu. Sério, se eu não fosse metade-vampira, aquele sujeito me deixaria bem assustada. Ele parecia um homem de meia-idade normal, mas seus olhos eram totalmente frios e maus.
- O que está acontecendo aqui, estão invadindo minha casa?
Senti o escudo de minha mãe ao nosso redor. Sarah havia escondido seu rosto em meus cachos, assustada. Seu coração batia como um tambor de marcha.
- Quem você pensa que é para agredir uma menor? - Falou minha mãe, em pé, encarando Tom. Ela era bem assustadora como queria.
- Essa...Essa menina está sob minha conta.
- Mas poderia ter feito ela desmaiar. - Grunhiu minha mãe. - Poderíamos chamar a polícia agora. Ela pediu nossa ajuda. Vamos, Sarah, vamos lá pra casa.
Os olhos dourados de minha mãe encaravam sem medo o homem. Ajudamos Sarah a se levantar e quando saímos da casa, ela chorou ainda mais.
- Ah, me desculpem, eu... eu estava muito assustada e não queria ficar sozinha, eu só lembrei de você para ligar e...
- Está tudo bem. - Garanti. - Vamos lá pra casa, você vai ficar bem.
Sarah ficou no banco de trás do carro e eu toquei o rosto de minha mãe. Obrigada, pelo escudo.
- Não ia deixar vocês desprotegidas, vamos logo.

Ainda nem tínhamos estacionado quando um certo adolescente de cabelos cor de bronze e pele muito pálida estava ao lado do assento do motorista.
- Vocês estão bem?
- Sim, papai. - Sussurrei. - Mamãe foi incrível.
Ela sorriu para mim.
- Não foi nada.
Entramos em casa, mas sentia que a única humana alí ficava meio... envergonhada. Toquei nela, mostrando meus pensamentos: Não tenha medo.
Ela puxou sua mão da minha, me olhando como se eu tivesse acabado de xingá-la.
- Como fez isso?
Dei de ombros.
- É só uma coisinha que faço. Senta aí no sofá.
Olhei no relógio. Marcava três horas da manhã. E daqui a três horas eu estaria dentro de um avião... Pelo menos tia Alice havia feito a minha mala... Completa. Peguei um gelo e coloquei sobre seu olho inchado, enrolado em um pano.
- Eu quero que você fique aqui, mas... Eu vou viajar daqui a pouco. - Quase chorei.
- Ah, eu só precisava de ajuda. Não quero encomodar, sério.
No alto da escada, uma voz disse:
- Eu cuido dela.
Vovó Esme usava seu vestido chinês e seus cabelos cacheados caíam sobre os ombros. Em um segundo estava fazendo uma trança no cabelo de Sarah.
- Não sei como os humanos podem ser tão agressivos... Não se preocupe, querida, eu cuidarei de Sarah.
- Obrigada, vovó.
- Nessie. - Mamãe me chamou, encostada na parede. - Vá dormir.
Eu assenti. Subi para o quarto, mas eu não queria domir, apesar de saber que ia cair no sono. Eu tinha a solução embaixo de minha cama, escondida. Nem lembro onde consegui aquilo... Acho que foi uma vez, em um encontro com os Volturi.
Tirei a tampa da seringa e coloquei a agulha na minha perna, antes que meu pai gritasse:
- RENESMEE!
Já era. Meus olhos encheram-se de lágrimas, não porque tinha doído, mas talvez era efeito inicial da adrenalina.
- O. Que. Você. Fez? - Perguntou ele no meu quarto, tirando a seringa da minha mão.
- Achei que ia ser mais efeituoso que um Red Bull. - Meus olhos estavam completamente abertos, e os sequei com a costa das mãos.
- Mas pra quê?
Ah, papai, por favor, não me faça dar explicações...
- Bom, você sabe, eu não quero dormir para conhecer ela.
- Não me convenceu.
- Você é muito chato. - Disse uma voz feminina na porta. - Nessie é uma moça, faz o que quiser.
Tia Rose usava um vestidinho rosa e eu sentia um pouco de inveja dela, não só pela beleza, mas por usar aquele vestido no frio. Ela colocou o braço em volta dos meus ombros. Meu pai saiu do meu quarto e eu a agradeci. Ela me retribuiu com um sorriso perfeito.
- Vou sentir sua falta, querida. Não sei o que deu em sua mãe.
- Eu também acho que tem alguma coisa a mais do que conhecer a mãe dela, mas, tudo bem. - Eu deitei minha cabeça no ombro da tia Rose. Ela tinha cheiro de cereja.
- Eu ouvi isso! - Disse minha mãe, já em seu quarto. Me senti culpada de interromper ela e meu pai, mesmo não querendo saber o que estavam fazendo.
- A ideia da adrenalina não foi boa. - Ela me repreendeu. Coloquei a mão sobre o furinho da agulha em minha calça. - Deveria tentar dormir mesmo assim.
Ela se levantou e eu me deitei.
- Tudo bem, então. Boa noite, tia.
Ela desligou a luz e desapareceu. Eu sabia que, de maneira nenhuma, ia conseguir domir agora. Mas sabia do que precisava: de alguém quente, que eu amava muito.

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