quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

The First Time

Três horas... Ah, ok. Pareceram mais três minutos.
Sob efeito da adrenalina, eu achei que não ia dormir. Errada. Eu mal havia fechado os olhos quando uma mão gelada tocou meu pé.
- Acorda, princesa.
Mamãe já estava pronta para a viagem. Eu, de pijama. Ela sorria para mim, um sorriso arrasador e brilhante. Os próximos dias seriam nublados, tanto aqui quanto na Flórida. Não fazia diferença nenhuma pra mim, porque, para o meu eterno desgosto, eu não brilhava. Não daquele jeito.
Esfreguei os olhos e levantei, mas tive uma recaída de sono. Sorte que minha mãe me segurou. Fui andando até o banheiro. Tomei um banho demorado, com direito de desperdiçar a água quente. Apesar de ter crescido no frio, ele ainda me incomoda um pouco.

Faltava alguma coisa.
Coloquei uma calça jeans preta, mas nenhuma blusa me agradava. Nem mesmo as jaquetas. Parecia que as roupas estavam ridículas em mim.
- TIA ALICEE! - Berrei, me enrolando em uma toalha branca, foi a primeira coisa que achei. Fui até o quarto de minha tia, no pequeno sofá que tinha lá dentro estava tio Jasper, lendo seu livro da Segunda Guerra Mundial. Ele estava muito interessado em livros, ultimamente. Por isso, acho que não o via muito no dia-a-dia. - Tio, onde est...
Antes que eu terminasse a pergunta, tia Alice saiu do banheiro com uma escova rosa de cabelo.
- Chamou, querida?
- Eu quero uma blusa... Poderia me emprestar uma? - Dei o meu melhor sorriso.
Ela correu para o seu closet e tirou de lá uma blusinha de alças, vermelha cor-de-sangue. Adorei. Levei-a pro meu quarto e vesti. Combinou com a minha jaqueta de couro preta. Deixei meus cabelos soltos, do jeito que sempre gostei. Nada de maquiagem, óbvio. Odeio maquiagem. Como diria a tia Rose: a beleza está em você, em algo que te faça parecer natural.
Desci as escadas. Senti o cheiro de waffles com mel, uma das comidas humanas que eu suporto comer. Vovó Esme adora cozinhar, ser uma "mãe humana", e agora que Sarah vai passar uns dias aqui em casa, ela vai poder fazer comidas normais. Entenda, eu odeio a comida deles. Dei um sorriso forçado para minha vó e peguei um waffle com mel, colocando na boca. Argh! Mel era bom, mas, como dizia Jake ao se referir ao cheiro dos vampiros: doce demais. Minha mãe apareceu novamente. Sua blusa era verde e a calça preta, como a minha. Ela correu os dedos gelados pelos meus cabelos. Suspirei pesadamente e afastei o negócio melequento (espero que o meu pai NUNCA diga que eu pensei isso para vovó) da boca.
- Mãe, ela é como você?
Dirigi meu olhar a ela. Ela pareceu não entender a pergunta.
- Quem? Minha mãe?
- Claro.
Ela fechou os olhos e colocou seu queixo sob a minha cabeça.
- Que tal uma surpresa?
Revirei os olhos e larguei o waffle. Minha mão estava suja. Nossa, eu era mesmo uma meio-humana, ou seja, desastrada. Ouvi um murmúrio baixo, quase não pude identificar as palavras. Mas era tia Rose. Subi para o seu quarto, rápida.
Ela e tio Emmett estavam sentados na cama, a porta estava aberta. Corei, logo achando que estava interrompendo. Eles, em perfeita sincronia, estenderam os braços para mim. Mas tio Emmett sorria, brincalhão como sempre. Tia Rose estava triste. Os abracei, sentindo o toque gelado e o cheiro de doce.
- O que aconteceu? Eu senti que deveria vir. - Falei baixinho. Tio Emmett bagunçou meus cabelos, levando um tapa de tia Rose logo em seguida. Ela se levantou e me levou para o grande espelho na parede do seu quarto.
Eu podia me ver de corpo inteiro. Quase suspirei de tristeza por isso.
Eu era minúscula, talvez a mais baixa da família, com 1,60. Meu rosto estava diferente. Eu continuava envelhecendo, e sabia que logo isso ia cessar. Ia tomar a minha idade imortal. A menina refletida no espelho tinha cabelos longos, ondulados, cor de bronze. Seus olhos eram cor de chocolate, os lábios eram cor-de-rosa, o nariz era fino. Atrás dela, uma loira linda. Me senti humilhada.
- Nessie! - Meu pai reclamou. Ah, pare de ler meus pensamentos, pai.
- Olhe, - disse tia Rose, pegando uma mecha do meu cabelo. - você cresceu tanto. Nem parece mais aquele bebezinho. Mas ainda é, para todos nós.
Senti minhas bochechas queimando.
- Vou sentir sua falta. - Ela me abraçou.
Ah, eu ia sentir falta deles. De todos. Tia Alice, com suas loucuras e desejo por compras, tia Rose, como uma tia amiga, de tio Emmett, que sempre me fazia rir, tio Jasper, que fazia com que eu ficasse calma quando Jake não estava perto de mim.
Jacob Black.
Ah, Deus! O que eu ia fazer sem ele? Logo agora, que eu estava completamente apaixonada? Não era justo comigo.
- Querida? - Minha mãe estava na porta do quarto. Eu não soube o quanto tempo fiquei me encarando e pensando, mas fui até ela. Ela colocou seus braços em volta de mim, enquanto descíamos a escada normalmente, como humanas.
- Calma, mamãe, eu não vou morrer. - Sussurrei.
Ela riu, e isso fazia com que ela ficasse ainda mais bonita. Ela era perfeita. Tentei acompanhá-la, sorrindo.
- Esse sorriso torto... - Comentou ela, dizendo o quanto o meu sorriso era igual o de papai. - É lindo. Eu acho que vai querer fazer uma coisa antes de irmos.
Percebi que o último comentário não foi tão feliz. Então eu ri de verdade. Abri a porta e fui andando para o lado da casa, que dava de frente a uma linda paisagem. Vários pinheiros e todo o tipo de árvores. A primeira coisa que vi foi um lobo avermelhado. Fiz meu típico beicinho chantagista, e o lobo virou-se, voltando para as árvores.
Esperei um tempo, então ele veio. Um adolescente de pele bronzeada, sem camisa, meu. Abracei-o, sentindo seu calor e querendo nunca mais ir embora. Seja lá o que ele tenha falado e eu não tenha escutado, consegui ouvir:
- Nessie, por Deus, dá pra olhar pra mim?
- Não. - Disse, fria, ainda enterrada em seu abraço, sentindo seu cheiro amadeirado e delicioso.
- Por favor. - Ele sussurrou. Eu cedi. Olhei em seus olhos escuros, o que era difícil fazer sem se perder em seu sorriso. Enchuguei uma lágrima que escorria pelo meu rosto. - Ah, pare de chorar.
- Você é muito chato. - Coloquei meus braços em volta do seu pescoço. - E não arrume outra enquanto eu estiver fora.
Ele riu, o som me fez rir também, mas foi de verdade. Ele me olhava bem nos olhos (obviamente, eu estava na ponta dos pés), mas logo me rendi a um beijo. Seus lábios eram macios e quentes, ao contrário dos meus. Corri os dedos da minha mão direita pelo seu rosto enquanto ele sorria contra a minha boca, apertando as mãos em minhas costas. Logo ele falou, baixinho:
- Não se meta em confusões.
- Eu sou boa nisso, não é? - Beijei-o mais uma vez. Voltei a ficar na minha altura normal. - Amo você.
- Eu também te amo muito, Ness. - Ele me abraçou. Corri para o carro, abrindo a porta da Ferrari vermelha e entrando logo em seguida. Minha mãe fungou, provavelmente não gostava do cheiro, nem de eu estar namorando. Coloquei as minhas pernas em cima do banco (ela não se importava, ainda bem) e o cinto logo em seguida. O trajeto até o aeroporto teria matado um humano do coração.
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Afivelei o cinto do avião. Encostei a cabeça na janela, onde eu poderia ver tudo pequenininho lá embaixo. Tirei da minha bolsa uma biografia de Adolf Hitler, um livro que eu nunca tinha lido, e que pode ser interessante. Eu estava do lado de meu pai, e mamãe na última cadeira da fileira, por causa da aeromoça. Ela nos olhou estranho logo que papai entrou no avião, obviamente interessada. Mamãe com ciúmes... Não é bom.
- Lendo sobre nazismo? - Meu pai franziu a testa.
Dei de ombros.
- Vai que eu tenha que estudar sobre isso na universidade.
- Então você já decidiu. - Disse ele, orgulhoso. Mamãe sorria. - Vai para a faculdade conosco.
- Eu já tinha decidido. Há tempos.
Então o avião decolou. Eu estava anciosa para conhecer minha avó. Mamãe parecia aflita. Meu pai parecia entediado. Então a aeromoça loira de batom berrante apareceu. Ela quis fazer com que seu decote ficasse maior, percebi. Rindo, continuei lendo meu livro, percebendo que meus pais estavam de mãos dadas.
- Senhor e senhora Cullen... - Ela deu uma pausa. - E senhorita Cullen, desejam alguma coisa?
- Não, obrigada. - Eu disse. - P...Edward, pode me dar meu iPod?
Ele retirou o item dourado da bolsa da minha mãe, a aeromoça saiu de cena batendo os saltos. Rimos baixinho daquela cena. Mamãe não gostou nada, nada.

Passaram se horas e nós já estávamos na Flórida. Estava dormindo no ombro de papai quando ele me acordou, dizendo que já havíamos pousado. Passei as mãos no rosto nos cabelos, tentando parecer melhor. Sei que quando acordo, minha cara não é uma das melhores.
- Você está linda. - Disse meu pai. - Agora, vamos.
Alugamos um carro. Uma BMW preta, lembrei do carro de tia Rose. Apertei meu medalhão enquanto olhava a cidade. Depois da ilha Esme, no Brasil, a Flórida era o lugar mais quente que eu já estivera. Por sorte, segundo a visão de tia Alice, teríamos 5 dias nublados. E esse tempo eu poderia ficar com minha avó.
Chegamos no hotel que passaríamos a noite, chamava-se Pathernon. A decoração era luxuosa, da Grécia Antiga, cheia de estátuas de deuses. Meus pais eram mais bonitos.  Nem mesmo Apolo ou Afrodite poderiam ser comparados a eles.
Fiquei em um quarto, sozinha. Coloquei minha camisola e liguei a TV do quarto, passando os canais. Em alguns minutos, estava dormindo, novamente.

sábado, 28 de janeiro de 2012

Nightmares

A temperatura caíra a noite.
O aquecedor estava ligado e eu rolava na cama. Meu subconsiente funcionava, mas eu estava perdida em meus sonhos. Eu dormiria até mais tarde, até que meu celular começou a tocar.
Engoli um palavrão e movi minha mão até o criado-mudo. Ele continuava a tocar. Olhei no identificador: Sarah.
Estranho. Sarah sempre dormia cedo. Atendi e acho que a minha voz nem saiu:
- Alô?
- N-Nessie?
Ela gaguejou e sussurrou. Okay, aquilo não era comum. Sentia dor em sua voz. Rapidamente, sentei-me na cama, cobrindo-me com os lençóis.
- O que aconteceu? - Perguntei, aflita.
- É Tom - Ela disse, baixinho. - Ele ficou com raiva por eu ter chegado tarde...
Então ela começou a chorar. Um choro de soluços, que partia meu coração. Levantei da cama e comecei a me vestir.
- Estou indo.
Desliguei o celular e, com minha velocidade sobrehumana, em pouco tempo eu estava vestida. Abri a porta e subi para o terceiro andar, indo para o quarto da minha mãe. Chamei:
- Mamãe?
Ouvi murmúrios e outros barulhos que não consegui identificar. Em questão de cinco segundos minha mãe apareceu usando calça jeans e uma blusa de meu pai. Em circustâncias normais eu teria dado uma gargalhada, mas agora não.
- O que aconteceu, filha? Deveria estar dormindo, vamos viajar às 6 horas...
- Mãe, Sarah está com problemas, o pai adotivo dela fez alguma coisa mas ela não me disse, ela estava chorando muito.... - Parei para respirar. - Se o papai vier comigo, o cara pode ser agressivo, mas você tem o escudo... Vamos logo!
Ela correu para dentro do quarto e pegou uma blusa. Desceu a escada antes que eu pudesse piscar. Fiz o mesmo, apesar de não ser tão graciosa quanto ela. Entramos no Mercedes preto e só então tive tempo de respirar.
- Vamos logo. - Eu disse, e ela acelerou.
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Nem de longe a casa nova de Sarah era bonita como a antiga.
Talvez porque sua falecida mãe tinha um ótimo gosto, enquanto a nova é totalmente apática. Eu havia a "conhecido" na formatura. Essa era sem graça. Saí do carro correndo na velocidade humana, para que nenhum vizinho que estivesse espionando não se assustasse. Olhei pela janela, Sarah estava encolhida no chão, chorando. Abri a porta e corri em sua direção. Ela chorou no meu colo como uma criancinha. Minha mãe entrou logo atrás, nos abraçando.
- Vai ficar tudo bem, olha pra mim. - Eu coloquei seu rosto em minhas mãos, mas devo admitir que preferia não ter visto. Acima do olho direito, estava inchado e roxo, e seu lábio estava machucado.
- Ah, Deus... - Disse minha mãe, colocando a mão sobre o olho de Sarah, já que ela era fria. De repente, um homem usando um roupão azul surgiu. Sério, se eu não fosse metade-vampira, aquele sujeito me deixaria bem assustada. Ele parecia um homem de meia-idade normal, mas seus olhos eram totalmente frios e maus.
- O que está acontecendo aqui, estão invadindo minha casa?
Senti o escudo de minha mãe ao nosso redor. Sarah havia escondido seu rosto em meus cachos, assustada. Seu coração batia como um tambor de marcha.
- Quem você pensa que é para agredir uma menor? - Falou minha mãe, em pé, encarando Tom. Ela era bem assustadora como queria.
- Essa...Essa menina está sob minha conta.
- Mas poderia ter feito ela desmaiar. - Grunhiu minha mãe. - Poderíamos chamar a polícia agora. Ela pediu nossa ajuda. Vamos, Sarah, vamos lá pra casa.
Os olhos dourados de minha mãe encaravam sem medo o homem. Ajudamos Sarah a se levantar e quando saímos da casa, ela chorou ainda mais.
- Ah, me desculpem, eu... eu estava muito assustada e não queria ficar sozinha, eu só lembrei de você para ligar e...
- Está tudo bem. - Garanti. - Vamos lá pra casa, você vai ficar bem.
Sarah ficou no banco de trás do carro e eu toquei o rosto de minha mãe. Obrigada, pelo escudo.
- Não ia deixar vocês desprotegidas, vamos logo.

Ainda nem tínhamos estacionado quando um certo adolescente de cabelos cor de bronze e pele muito pálida estava ao lado do assento do motorista.
- Vocês estão bem?
- Sim, papai. - Sussurrei. - Mamãe foi incrível.
Ela sorriu para mim.
- Não foi nada.
Entramos em casa, mas sentia que a única humana alí ficava meio... envergonhada. Toquei nela, mostrando meus pensamentos: Não tenha medo.
Ela puxou sua mão da minha, me olhando como se eu tivesse acabado de xingá-la.
- Como fez isso?
Dei de ombros.
- É só uma coisinha que faço. Senta aí no sofá.
Olhei no relógio. Marcava três horas da manhã. E daqui a três horas eu estaria dentro de um avião... Pelo menos tia Alice havia feito a minha mala... Completa. Peguei um gelo e coloquei sobre seu olho inchado, enrolado em um pano.
- Eu quero que você fique aqui, mas... Eu vou viajar daqui a pouco. - Quase chorei.
- Ah, eu só precisava de ajuda. Não quero encomodar, sério.
No alto da escada, uma voz disse:
- Eu cuido dela.
Vovó Esme usava seu vestido chinês e seus cabelos cacheados caíam sobre os ombros. Em um segundo estava fazendo uma trança no cabelo de Sarah.
- Não sei como os humanos podem ser tão agressivos... Não se preocupe, querida, eu cuidarei de Sarah.
- Obrigada, vovó.
- Nessie. - Mamãe me chamou, encostada na parede. - Vá dormir.
Eu assenti. Subi para o quarto, mas eu não queria domir, apesar de saber que ia cair no sono. Eu tinha a solução embaixo de minha cama, escondida. Nem lembro onde consegui aquilo... Acho que foi uma vez, em um encontro com os Volturi.
Tirei a tampa da seringa e coloquei a agulha na minha perna, antes que meu pai gritasse:
- RENESMEE!
Já era. Meus olhos encheram-se de lágrimas, não porque tinha doído, mas talvez era efeito inicial da adrenalina.
- O. Que. Você. Fez? - Perguntou ele no meu quarto, tirando a seringa da minha mão.
- Achei que ia ser mais efeituoso que um Red Bull. - Meus olhos estavam completamente abertos, e os sequei com a costa das mãos.
- Mas pra quê?
Ah, papai, por favor, não me faça dar explicações...
- Bom, você sabe, eu não quero dormir para conhecer ela.
- Não me convenceu.
- Você é muito chato. - Disse uma voz feminina na porta. - Nessie é uma moça, faz o que quiser.
Tia Rose usava um vestidinho rosa e eu sentia um pouco de inveja dela, não só pela beleza, mas por usar aquele vestido no frio. Ela colocou o braço em volta dos meus ombros. Meu pai saiu do meu quarto e eu a agradeci. Ela me retribuiu com um sorriso perfeito.
- Vou sentir sua falta, querida. Não sei o que deu em sua mãe.
- Eu também acho que tem alguma coisa a mais do que conhecer a mãe dela, mas, tudo bem. - Eu deitei minha cabeça no ombro da tia Rose. Ela tinha cheiro de cereja.
- Eu ouvi isso! - Disse minha mãe, já em seu quarto. Me senti culpada de interromper ela e meu pai, mesmo não querendo saber o que estavam fazendo.
- A ideia da adrenalina não foi boa. - Ela me repreendeu. Coloquei a mão sobre o furinho da agulha em minha calça. - Deveria tentar dormir mesmo assim.
Ela se levantou e eu me deitei.
- Tudo bem, então. Boa noite, tia.
Ela desligou a luz e desapareceu. Eu sabia que, de maneira nenhuma, ia conseguir domir agora. Mas sabia do que precisava: de alguém quente, que eu amava muito.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Possibilities

Haviam se passado sete dias desde a minha formatura.
Eu havia ganhado um presente de meu pai: uma guitarra cor de cereja, com detalhes em branco. Obviamente, eu adorei o intrumento, apesar de me dar melhor com o piano e causar ciúmes em um certo Jacob por ficar mais tempo com ela. Tio Emmett havia pagado os mil dólares por me fazer beber aquela coisa horrenda (eu fiquei com uma horrível dor de cabeça e o gosto de alcóol na boca mesmo no dia seguinte). Também tive novidades: tia Rose havia me filmando tocando e cantando My Immortal e, não sei porquê, mandou o vídeo para Julliard. Eles me aceitaram. Eu fiquei extasiada com a ideia de viver em Nova York, mas recebi um "não" de meus pais, pois fazia sol na cidade. Era perigoso.
Senti naquele momento que meus sonhos haviam sido destruídos. Sempre gostei de música, e sentia naquele momento a pressão de ir para a universidade com meus pais. Medicina? Não, eu mataria qualquer humano que estivesse jorrando sangue. Direito? Nunca seria capaz de julgar ninguém. O que eu queria era música. Ela falava tudo o que eu sentia.
Mas é claro, essas possibilidades não podiam existir na vida de uma meio-humana, meio-vampira.
Eu estava sentada no sofá, dedilhando Cherry. Sim, esse era o nome da minha guitarra (meu pai achou engraçado. Acho que mamãe pensou "Meu Deus, minha filha está ficando louca colocando nomes nos instrumentos"). Meu celular começou a vibrar no bolso, e eu levei a mão até lá. Vi o identificador de contato e sorri. Atendi logo em seguida:
- Olá, garota. Esqueceu mesmo de mim?
- Nossa, como você é exagerada - Debochou Sarah - Enfim, só estou passando uma mensagem rápida.
- Diga. - Eu falei, tentando equilibrar o celular no ombro enquanto tirava um acorde em sol.
- Estou para enlouquecer com Tom aqui em casa. Falei com Derek. Vamos sair, nós três?
- Espere. - Eu tirei o telefone do ombro e virei para minha mãe, que lia Um Estudo em Vermelho no sofá da minha frente. - Mãe?
Ela olhou para mim com aqueles intensos olhos cor de manteiga derretida.
- Posso sair com Sarah e Derek? Não vamos demorar, por favor... - Fiz biquinho.
Ela sorriu e fez que sim com a cabeça, voltando a se perder no mundo da leitura. Coloquei o telefone de volta no ouvido.
- Posso ir. Pra onde vamos?
- Vai ser só um piquenique - Disse ela. - O pai "zilionário" de Derek deu um carro para ele. Nós vamos te buscar.
- Não vão me sequestrar? - Eu ri.
- Apesar de a ideia ser tentadora, não vou. Se arrume. Vamos estar aí em meia hora.
- Sim senhora. - Desliguei o celular. Coloquei Cherry de pé no braço do sofá e minha mãe perguntou:
- Onde está Jacob?
Eu respondi distraída:
- Não sei, ainda não coloquei um GPS nele.
Ouvimos uma gargalhada estrondosa. Arregalei os olhos, enquanto minha mãe apenas deu um suspiro. Tio Emmett apareceu na sala, como se alguém tivesse feito uma palhaçada realmente hilária.
- Eu já disse que essa menina foi a melhor coisa que você e Edward fizeram? Finalmente alguém que tenha senso de humor comigo!
Dei uma risadinha e subi para o meu quarto. Escolhi uma roupa simples: calças skinny e um blusão vermelho com capuz. Meus cabelos estavam compridos, na metade das costas. Deixei os cachos caídos fora do capuz e coloquei uma bota de cano médio.
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Enfim, nosso piquenique foi ótimo. Me senti meio desconfortável, porque meus amigos levaram tudo, e eu, apenas era a convidada.  Estar com meus melhores amigos do primeiro (e último) ano na escola foi ótimo. Conversamos sobre tudo, os micos na escola, as notas baixas (pena que não me enquadrei nessa conversa... fazer o quê, sou uma nerd), Charlotte Barnes e seu filho recém-nascido (Sarah disse que o bebê nasceu com chifrinhos e um tridente)... O ano tinha passado rápido demais. Tudo o que tivemos que deixar de lado foi o detalhe de nossas famílias. Derek não sabia do meu lado vampírico, e ele tinha uma família de milionários, o que não gostava. Os pais de Sarah haviam morrido, seu irmão estava morando na Irlanda e seus pais adotivos a odiavam. Nós iríamos, claramente, nos sentir desconfortáveis.
Olhei no relógio. 5 horas. Havíamos ficado alí, de bobeira, por duas horas.
- Ah, caramba. - Eu disse, respondendo rapidamente a mensagem do meu pai: "Já estou indo, papai. O que querem falar comigo?".
- O que foi, Nessie? - Perguntou Derek, franzindo a testa.
- Meu p... irmão, Edward, disse que quer falar uma coisa comigo.
Sarah mordeu de leve o lábio inferior.
- Tudo bem. Vamos levá-la. Mas eu ainda queor sair com você, só as garotas.
- Pode deixar. - Eu falei, enquanto levantáva-mos, entrando no carro.
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Abri a porta de casa, abaixando o capuz.
- Mãe? Pai?
Em um segundo, eu olhava para o nada. No seguinte, os dois estavam na minha frente. O ar ficou mais frio... Literalmente. Minha mãe colocou a mão no meu pulso e me fez sentar.
- Juro que não fiz nada de errado.
Meu pai deu um sorriso torto e olhou para a minha mãe.
- Conta pra ela.
- O quê? - Perguntei, intrigada. Ela tirou de trás das costas uma coisa, um papel retangular. Demorei um pouco para ler as letras: alguma coisa sobre avião. - Vamos viajar.
Ela sentou-se do meu lado, tirando um cacho do meu rosto. Seu toque era frio, mas reconfortante.
- Mãe...
Eu sentia que havia algo errado, mas por quê?
- Você vai conhecer sua avó materna e meu padrasto. - Ela quase sussurrou. - Demorei muito tempo pra decidir isso, mas acho que já é hora. Sinto falta de minha mãe, ela é mortal e... - Sua voz falhou.
Senti vontade de chorar, ou dizer que não, dizer que não queria conhecer a mãe dela, pois eu sabia que teríamos que mentir para a minha avó. Ela não podia dizer que eu era sua neta sem que revelasse a verdade...
Enterrei meu rosto nos cabelos da minha mãe. Eu estava tremendo. Antes que minha mãe se desesperasse, meu pai leu minha mente e disse a ela:
- Nessie está em choque. Não imaginou que... você sabe.
Ela acariciou meus cabelos. A ideia ainda me assustava.
Jake saiu do quarto dele.
- Não vai fazer nada contra a vontade dela. - Ele afirmou.
Ótimo, timing perfeito. Quase o xinguei.
- Como se você decidisse alguma coisa. - Grunhiu a minha mãe.
- Ah, pelos céus, parem! - Eu gritei. Senti que copiara o vocabulário de Shahriar, dizendo "pelos céus". - Claro que a ideia me assuta um pouco, mas, eu vou fazê-lo.
Percebi que meu pai estava rindo. Olhei séria pra ele.
- Não estou rindo da sua cara, querida. - Disse ele, depois de ler a minha mente.
Levantei da cadeira, suspirando calmamente.
- Onde está tia Rose?
- Ela saiu com Alice. - Falou mamãe.
Peguei meu celular e digitei uma mensagem para tia Alice: "Tia, se souber da viagem, quero que faça a minha mala, pode ser? Coloque as roupas, o sapato, o que for, na conta do papai. Obrigada".
- Por que na minha conta? - Reclamou ele.`Olhei para Jake.
- Desculpe, Bella. - Disse ele. - Eu apenas, sei lá, não queria ela longe.
- Tudo bem. - Murmurou ela. Caminhou até mim e disse: - Descanse um pouco, amor. Vamos amanhã.
Assenti. Ainda estava cedo, mas eu me sentia realmente exausta.
- Descansar... - Sussurrei, sonhadora. Acho que não estava exausta, afinal, só assustada. Assustada como um estúpido bebêzinho. Nossa, como eu sou idiota.
- Não seja tão dura consigo mesma. - Disse meu pai, afagando minha cabeça. Eles desapareceram, indo para o quarto.
Estávamos só eu e Jacob na sala.
- Não ficou chateada, certo? - Perguntou.
Eu ri. Esfreguei as mãos no rosto.
- Claro que não. Bem, você sabe... É assombroso.
Ele fez cara de quem não entendeu.
- O quê?
Abracei-o. Ele retribuiu.
- Esqueça, vou dormir.
Jake colocou as mãos no meu rosto e me beijou. Quando terminou, dei um leve empurrão nele e dei uma risadinha. Ele deu aquele sorriso que eu adoro.
Subi as escadas em uns dois segundos. Entrei no quarto e tirei as botas, jogando-as no canto do quarto. Joguei-me sobre a cama, suspirando pesadamente em cima do travesseiro. Minhas pálpebras pesaram, e logo eu dormi.
Mas minha cabeça continuava trabalhando a mil por hora. Meus pensamentos tentavam decodificar a aparência de minha avó materna. Ela seria linda como minha mãe?

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

After All...

Era, definitivamente, o fim do mundo quando meus pais resolveram me humilhar, indo falar com os cordenadores da escola sobre o quanto eu era uma aluna perfeita. Olhei para todos, perguntando se uma alma caridosa não podia me tirar dalí. "Só quando Edward e Bella vinhessem", ah, que droga!
Sentei no banco na frente da escola com Sarah. Ela esperou um pouco, porque os pais adotivos dela já tinham ido embora, e ela não ia suportar ficar no mesmo carro que eles naquele dia. Dereck tinha ido embora forçado com seus pais ricos e metidos. Não é de se espantar que nós três somos amigos: somos esquisitos.
- Ah, olhe. - Sarah apontou para o outro lado da rua. Eu olhei para onde ela apontara e vi uma garota mais alta que eu, mas que aparentava ser mais jovem. Seu cabelo cacheado era dourado, como os olhos. Ela acenou para mim, com a outra mão alisava o vestido verde-pinheiro.
- Shahriar! - Gritei e corri para abraçá-la. Ela tinha passado as últimas semanas com seus amigos, Carmen e Eleazar, me fazendo dormir sem companhia. Ela era, definitivamente, uma ótima companheira de quarto. Soube que ela tinha falado com Seth, seu imprinted, o que a deixava feliz. Eu ficava feliz por eles. - Não acredito que está aqui!
- Oi! - Ela sorriu, meiga. - Trouxe companhia.
Do meio das árvores dalí surgiu uma linda mulher mexicana, porém pálida. Seus olhos dourados estavam brilhando, já havia muito tempo que não a via.
- CARMEN!
Carmen Denali estava linda como sempre, e estendeu os braços para que eu a abraçasse.
- Hola, Nessie! Como você cresceu... - Ela disse, quando a abracei. Chamei Sarah e ela se aproximou, encolhida com a presença de Carmen.
- Esta é minha amiga Sarah. Ela sabe sobre nosso segredinho.
Carmen riu, um som agradável como pequenos sinos.
- Me chamo Carmen. - Ela apertou a mão de Sarah.
Shahriar parecia inquieta.
- Posso falar com você? - Perguntou ela, incomodada.
- Claro. - Eu disse. - O que foi?
Ela pareceu engolir em seco antes de despejar as palavras:
- Eu só voltei para agradecer... A você e sua família pelo que fizeram por mim. Nos Volturi, eu não tinha uma família. Vocês me receberam. Não sabe como eu sou grata por isso.
Se é que é possível, Shariar parecia que ia chorar. Eu a abracei com força.
- Eu entendi. Não precisa agradecer, foi um prazer. E olha só quem é sua mãe agora.
Ela riu. Eu pisquei para Carmen.
- Ser mãe não é difícil. Shahriar é preciosa. - Carmen disse. Eu sabia que a palavra significava "adorável" em espanhol.
- Bom, não esqueça de me ligar e de comunicar pelos sonhos, senão eu vou ter que ir em Denali.
- Seria bom. - Falaram, mãe e filha juntas.
Mal percebi meus olhos lacrimando. Eu ia sentir falta dela.
- Não suma. - Disse, quase chorando. Elas acenaram e se foram. Eu achei que ia ficar deprimida pro resto da vida. Esse é o problema em ser uma híbrida: você pode chorar até não aguentar mais.
Virei-me para Sarah. Lá estávamos nós, duas meninas de dezessete anos totalmente perdidas no meio de um bando de adolescentes usando a bata vermelha da South High.
- E então... Faculdade? - Ela tocou no ponto fraco.
Revirei os olhos.
- É o que eu estou evitando no momento. Meu  pai vai acabar me arrastando pelos cabelos.
- Somos duas. Mas eu estou louca pra começar. Afinal... eu vou continuar envelhecendo, envelhecendo, envelhecendo...
- Sarah! Já não esqueceu isso?
- Desculpa. - Ela corou. - Quando nós três vamos sair juntos? Uma confraternização pós formatura.
Eu ri.
- Quando der. Estou meio nervosa quanto a tempo, minha mãe quer me levar pra conhecer a minha avó... a humana.
Ela entendeu o desespero na minha voz, mas era verdade. Mamãe queria que eu conhecesse a mãe dela, que não via a anos. Eu não sabia como ela era, só que seu nome era Renée, e que vovó Esme a adorava. Eu estava apavorada com o fato de conhecer uma moça que não fazia ideia que era sua neta. Quem podia culpá-la?
- Ok. É só avisar. Mas ainda essa semana, ok? Precisamos de um dia pras garotas, também.
- Isso deve significar comprar até cair.
Rimos juntas. Papai e mamãe saiam, de mãos dadas, da escola.
- É hora de ir. - Anunciou Sarah. - Até mais.
Nos abraçamos e fomos em direção às nossas casas.
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Imagine estar em um cenário assustador. Nada se compararia à estar na minha sala de estar naquela noite, ouvindo música alta e presenciando tia Alice e tio Emmett completamente bêbados.
Talvez fosse pra comemorar a minha formatura ou sei lá o quê, mas eu sabia que o alcóol na bebida, quando se misturava com o veneno de vampiros, dava um efeito bem pior do que nos humanos. E comigo? Eu tinha sangue humano e veneno. Ia ser um estrago.
Fiquei sentada no sofá grande com tia Rose e tio Jasper, olhando boquiabertos para os dois loucos, segurando garrafas nas mãos.
- Alice tem um armário cheio disso no quarto. - Tio Jasper comentou, e eu ri.
- ALICE! - Brigou vovó Esme no outro sofá, onde estava com o vovô. Tia Alice não deu a mínima. Ela estava feliz e dançando. Meus pais me vigiavam sentados nas cadeiras da cozinha, que dava direto para a sala. Eu sorri para eles e levantei as mãos, dizendo "eu não vou fazer nada de errado". Jake... Onde ele estava?
- Ness... - Falou tio Emmett, chacoalhando a garrafa de wisky - Te dou mil dólares se tomar um copo disso.
- EMMETT! - Tia Rose, papai e mamãe berraram em uníssono.
- O cheiro não é bom. - Eu reclamei. Tio Jasper segurou o riso.
- Você não ia colocar esse lixo no seu corpo mesmo... - Reclamou mamãe.
- Você quer, não é, Bells? - Zombou tio Emmett. - Mas é fraca demais pra admitir.
Nunca queira ver uma Bella furiosa. Ela havia trocado o vestido azul por um bege simples, mas ainda parecia perfeita. Ela pegou a garrafa das mãos do meu tio, olhando ameaçadora, e colocou um pouco em um copo, engolindo a bebida em seguida. Bati palmas.
- É ISSO AÍ, MAMÃE!
- Deixa a Nessie provar, estamos em casa. - Riu tia Alice, enquanto girava. Tio Jasper percebeu como estava doida demais e levou ela pro quarto.
- Nessie é de menor. Não vai.
- Mil pratas, e eu levo você no shopping pra comprar o que quiser. - Falou meu tio. Tia Rose olhou para ele como se dissesse "cale sua maldita boca". Levantei e enchi o copo todo, o cheiro me dando dor de cabeça. Mesmo se eu quisesse, minha mãe estava segurando meu pulso. Não tinha força, mas eu sabia que não ia conseguir me mexer.
- Deixa eu provar, mamãe. - Fiz biquinho. - Eu vi uma bolsa linda no shopping e quero ela.
- É só pedir que eu compro. - Ela resmungou.
Papai riu da cena. Ele com certeza não ia me deixar se eu pedisse, mas achou engraçado. Com a outra mão, rapidamente, eu peguei a garrafa e coloquei na boca, deixando o copo na mesa e minha mãe com mais raiva ainda.
O gosto não era bom. Era forte. Fez a minha cabeça girar. Eu deveria ter tomado um terço do que tinha na garrafa.
- Argh, filha!
Deixei a garrafa na mesa e virei para tio Emmett, me desequilibrando por causa da dor forte que se acumulava mais e mais.
- Pague.
- Amanhã. - Disse ele, caído no chão. Tia Rose, mesmo chateada, disse a mamãe que não se preocupasse.
- Eita, o que aconteceu por aqui? - Pude ouvir a voz de Jake, mas não consegui ver onde estava. Meus sentidos pareciam anestesiados. Na verdade, eu parecia anestesiada.
- Vou cuidar dela. - Sussurrou tia Rose, me pegando no colo e me levando para o meu quarto em alguns segundos. De fato, pessoas bêbadas são estranhas. Eu havia descobrido por conta própria que meu organismo não era preparado para aquilo. Ao me levar para o banheiro, vomitei tudo o que tinha bebido. Ela escovou os meus dentes, penteou meu cabelo e colocou meu pijama. Só disso consegui lembrar.

[nota da autora: quem quer ver mais nessie drunk? o/ kk. prometo continuar]

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Formatura

- Eu vou acabar me matando antes. - Falei nervosa. Minhas mãos tremiam. Eu já havia arrancado vários pedaços da penteadeira.
- Calma, querida. - Tia Rose disse, tentado me maquear. Eu estava surtando.
- Filha, é só uma formatura. - Mamãe falou com os olhos cor de manteiga brilhando. A garotinha ia se formar. Quem diria, não é?
- Não é só uma formatura quando você vai ser a oradora da turma, mamãe... - Eu puxei um pedaço de ferro e amassei na minha mão. Eu estava prestes a fugir dalí antes de receber o diploma. - Vão todos?
- Mas é claro que sim. - Tia Alice chegou, segurando meu vestido. Eu achava que estava deslumbrante, pena que eu ia morrer antes de usar.
- Pare de pensar isso. - Papai disse, na porta. Ele ria como se estivesse vendo um show humorístico. Mostrei a língua pra ele e cruzei os braços. Ele ainda estava com aquele negócio de faculdade no início do ano. Eu não sabia se estava pronta para ir pra Darthmot. E meus colegas de quarto seriam meus pais. Uau.
- Mãe, pode levar o papai pra fazer outra coisa?
Meu pai deu uma gargalhada enquanto mamãe o empurrava para fora. Tia Rose terminou de passar a minha maquiagem e tia Alice mostrava o vestido. Levantei da cadeira e quase tropecei no meu próprio pé. Nunca pensei que seria assim tão difícil.

(vestido: clica aqui)
...
- Nessie, pelo amor de Deus, pare de se tremer, parece que tem gelo no seu vestido. - Mamãe passava as mãos nos meus cabelos e dizia coisas legais, mas nada dava certo.
- Com lecença, sra. Cullen. - Sarah chegou sorrindo, apertando o meu braço. - Agora eu vou tentar dar um jeito nela.
- Ok, mas... Me chame de Bella. - Mamãe sorriu e foi para junto do meu pai. O vestido dela estava fabuloso, azul turquesa e longo.
- Sarah, eu não aguento, faz o discurso por mim. - Choraminguei. - Eu não consigo, eu sou tímida demais, eu...
- Espera, você mata bichinhos inocentes pro almoço mas não quer fazer um discurso idiota? - Ela deu um sorriso malicioso. - Pode fazer melhor que isso, Cullen.
- Eu odeio você, por que é minha melhor amiga?
Ela riu.
- Sei lá.
O vestido de Sarah era bem a cara dela: amarelo e rodado, mas vinha até a metade da coxa. Por cima estávamos usando a bata vermelha da escola South High. Eu a apertava contra o meu corpo, mas não conseguia me aquecer.
- Aliás... Por que tem um garoto alto e moreno encarando você? - Ela deu um sorriso malicioso e eu me virei. Jake estava atrás, e seus lábios desenharam: vestido sexy.
Eu revirei os olhos e voltei a olhar pra Sarah. Ela parecia animada com a ideia de se livrar de seus pais adotivos. Ela não queria me contar o que eles faziam pra ela odiar tanto eles. Mas... eu acho que também não gostaria de saber.
- Vamos, vai começar. - Ela apertou mais o meu braço e andamos para as cadeiras da frente. Encontrei Derek lá, segurando os nossos chapéus. Dei um abraço forte nele. Era estranho tê-lo como amigo e ter guardado o segredinho dele.
Quando nos sentamos, o mundo pareceu explodir. O diretor subiu no palco e falou no microfone:
- Bem-vindos, pais, alunos e professores, à nossa formatura desse ano!
Uma chuva de aplausos ecoou pelo salão, e eu acho que minha força sobre humana foi descontada na perna de Sarah.
- Ai!
- Agora, chamaremos a oradora da turma... - O diretor anunciou - E uma das nossas melhores alunas, com um desenvolvimento escolar incrível. Senhorita Renesmee Cullen.
Tive vontade de vomitar. Todo mundo aplaudiu e eu levantei, andando de cabeça baixa até o palco. O diretor apertou a minha mão e eu tentei sorrir. Fiquei na frente do microfone e comecei horrível, o discurso que eu havia escrito parecia bem idiota:
- Hãn, bem, boa noite a todos os presentes. Este momento é muito significativo para todos nós, porque simboliza o início de uma nova vida, a vida que levaremos agora. Depois de tantos anos frequentando a escola - Encarei meus pais, que riram -, vivendo com outras pessoas, chegamos à metade do caminho. E eu gostaria de fazer alguns agradecimentos, em nome de todos nós. Aos nossos pais: "O amor tem nuances que apenas o amor pode explicar. Permitiram-nos nossos pais a vida por amor. Emprestaram-nos sua boca para que pudéssemos falar, seus pés para que pudéssemos andar, seu amor para que pudéssemos existir e como se a existência fosse pouco, deram parte de suas próprias vidas para que nossa existência tivesse algum sentido.Hoje, apesar de pensarmos saber bastante, não aprendemos ainda algo que seja suficiente e possa substituir o simples muito obrigado. " Aos pais ausentes: "Nossa homenagem àqueles que partiram, pais, mães, irmãos, parentes, deixando-nos a lembrança das suas presenças, o som de suas vozes soprando suaves na memória, num murmúrio de lamento e saudade." Aos amigos e colegas: "No início, unidos apenas por um objetivo comum. Recuados, desconfiados, mas que aos poucos a convivência foi nos aproximando, encantando. Sempre colegas, soubemos conviver e respeitar-nos. -(okay, talvez nem tanto)- Lutamos, sobrevivemos, crescemos...Acima de tudo como seres humanos. -Toda a minha família riu nessa parte -E, por tudo, a saudade há de ficar."Aos que amamos: "As homenagens deste dia se estendem também a vocês, sempre presentes com um sorriso amigo e apoio nas horas difíceis. As alegrias de hoje também são de vocês., pois o seu amor, carinho e estímulo, foram as armas desta vitória." Aos professores... Nem precisamos falar demais. Foram eles quem nos guiaram e nos trouxeram até este dia. É só isso que podemos fazer. Mas nem todo o agradecimento do mundo pagaria o conhecimento que temos e hoje... e a vida que levaremos agora.
Aplausos ecoaram pelo lugar. Alguns choravam. O meu discurso deveria ter sido um grande fracasso. O diretor me deu o meu diploma e depois foi entregando de todos os colegas. Quando terminado, nós jogamos os chapéus para cima. O ano escolar havia terminado.
Graças a Deus! Agora tudo o que eu queria era ir pra casa.
Saí correndo no meio de todos e abracei meus pais. Eles disseram o quanto estavam orgulhosos e blá, blá, blá. Também abracei meus tios e meus avôs. Jake estendeu os braços para mim e eu sorri, antes de pular em seu colo e colocar meus braços em volta de seu pescoço.
- Eu fui muito ruim? - Perguntei baixinho. Ele me colocou no chão e disse:
- No início parecia que ia desmaiar, mas é claro que estava maravilhosa. - Beijei-o e mordi de leve seu lábio inferior.
- Vamos pra casa. - Falei e o beijei de novo.

[nota da autora: preguiça de continuar D: Comenta? não dói e faz bem pro meu coração <33]

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

chapter one ~

- Vou ter que jogar isso fora. - Decidi, segurando com uma mão só aquela corrente brilhante. Já não era mais interessada por ela.
- Isso deve valer muito. - Comentou Ania.
- E vale. - Disse Shahriar.
Virei para elas, balançando a peça.
- O que vem dos Volturi não vale nada.
Ania se sentiu intimidada. Logo olhou no relógio e anunciou sua ida. Seu pai a chamava. Eu e Shahriar nos despedimos dela, e quando estávamos sozinhas, resolvemos conversar.
Deve parecer estranho (ou não), mas os Volturi iam nos perseguir. Era impressão minha ou esse capítulo da novela já tinha passado? Mas dessa vez eles tinham dois motivos: O roubo de Shahriar e o misterioso aparecimento de Ania, uma híbrida poderosa. Não é de assustar que todos, menos eu, estavam mais tensos. A mais fraca era eu. E eu corria perigo com os assassinos italianos por perto.
- Está frio. - Eu disse, esfregando os braços. Shahriar pegou uma coberta pra mim, em questão de, sei lá, meio segundo.
- E seu namorado? - Perguntou ela, rindo. Sei que ela estava triste por dentro. Fazia quase 3 meses que ela não via Seth, seu imprinted.
- Eu não o vi hoje. - Falei artodoada. - Com licença.

Eu não era certamente assim tão lenta. Desci as escadas voando, mas não tão graciosa. Quando ia empurrar a porta, uma voz chamou.
- Ei, e o casaco?
Mamãe. Ela havia trancado a faculdade para ficar comigo. Olhei para  ela. Linda, tão perfeita... Não parecia que tínhamos o mesmo sangue de quando ela era humana. Corri até ela, peguei o casaco e voltei para a porta.
- Não vá muito longe!
- Não vou ir. - Eu ri. Abri a porta e o vento bateu em meu rosto, fazendo os cabelos voarem para trás. Dei um passo, e logo senti vontade de correr. Mas eu queria ver Jake... Só isso.
Logo vi ele, sentado na varanda. Parecia pensativo, ou desapontado. De alguma forma, a ideia de os Volturi estarem vindo o deixava ainda mais chateado que todos. Aproximei-me lentamente, com os braços cruzados.
- Oi.
Nada de resposta. Acho que ele estava fingindo que eu não estava alí. Segurei o choro, ou a mágoa. Cheguei mais perto e coloquei as mãos no seu rosto, pressionando meus lábios contra os dele. Não houve reação. Me afastei.
- Você está, hãn, me evitando?
Ele olhou para mim.
- Estava só pensando.
Meus olhos arderam, o frio aumentou.
- Certo.
Me senti totalmente ridícula. Voltei pesadamente para casa, empurrando a porta com força e me jogando no sofá, infeliz. Em alguns segundos toda a família, Shahriar e Jacob estavam na sala. Começaram a discutir sobre o que fazer, pra onde ir, e eu sinceramente não estava mais dando a mínima para aquilo. Quando alguém disse "fugir", eu levantei a voz.
- Acham mesmo necessário? Vão nos perseguir aonde quer que vamos!
Tia Rose sorriu para mim, tranquilizadora. Ela parecia querer que eu fosse a primeira a falar alguma coisa alí. Pelo menos ela me achava importante. Encarei Jacob e voltei a olhar pra ela.
- Querida... Só queremos o seu bem.
Abracei os joelhos. Sentia os olhos de todos em mim. Aquele momento de tensão não podia ser pior, até que Sarah me salvou, tocando a campainha.
- Entre. - Gritei, e ela o fez. Olhou todos nós e decidiu uma coisa:
- Vim em um momento errado.
Suspirei.
- Vamos lá pro meu quarto.
Tentei subir em uma velocidade humana, ms Sarah só chegou quatro segundos depois.
- Não dá pra esperar? Agora, me diz... Qual o problema? Todos aqueles vampiros estão tão estranhos lá embaixo....
- Problemão com inimigos. - Eu suspirei. - O que aconteceu? Você parece diferente.
Sarah me olhou como se fosse me dar um tapa.
- Eu? Você que está. Desculpa, é que eu estou tendo problema com os tutores e meu irmão está insuportável.
- Não posso dizer que sei como se sente, mas se precisar de uma amiga, eu vou estar aqui.
A abracei. O cheiro do sangue dela nem me encomodava tanto. Algo na mão dela vibrou, fazendo cócegas em mim. Era o seu celular. Ela leu a mensagem em voz alta.
- "Sarah, volte para casa". Ótimo, sou escrava agora?
- Volte pra cá quando quiser. - Eu sussurrei. - Quando eu ligar, quer dizer.
Ela acenou e desceu as escadas. Abri a porta do quarto e fiquei sentada na cama, sentindo o frio. Uma tempestade de neve estava por vir.
Alguém abriu a porta. O cheiro era amadeirado e refrescante. Jake. Eu não olhei.
- Ness, me desculpe. Eu estava... preocupado demais com você.
Ele se aproximou da cama.
- Não tem problema. - Dei de ombros.
Parece que minha desculpa não deu certo, pois ele me fez deitar e me beijou. Coloquei os braços em volta do seu pescoço enquanto seus lábios me aqueciam. Ele afastou o rosto do meu, e eu fiz biquinho.
- Eu te amo, Renesmee Cullen.
Deslizei os dedos pelo seu rosto, e dei-lhe mais um beijo.
- Também te amo muito, Jacob Black.
Sentei na cama de novo, ele se deitou ao meu lado. Tirei sua jaqueta de couro, joguei esta no chão e me encolhi em seus braços. Exalava seu aroma enquanto ele beijava meu pescoço.
- Eu preciso de você. - Sussurrou ele.
Ri.
- Preciso de você também, ou vou morrer congelada esta noite.
Jake acariciou meus cabelos e beijou meu rosto.
- Mas... - Continuei. - Não quero falar sobre mais nenhuma outra coisa, ou seja...
- Já entendi, amor. - Ele calou minha boca com um beijo. - Está cansada?
Observei meu braço. O relógio marcava 22:00.
- Não. - Menti. Meus olhos já estavam pesando.
- Acha mesmo que sabe mentir bem?
Saí do seu abraço e o encarei.
- Sou uma ótima mentirosa. - Dei um sorriso malicioso.
- Nessie, ótima em qualquer coisa, menos em mentir. - Ele me puxou de volta.
A verdade era que eu não queria que aquilo acabasse, ou que os Volturi existissem.
- Se eu dormir, você vai ir embora?
Ele apertou mais a mão na minha cintura. Me senti tão bem, como se a neve lá fora fosse inútil. Nada poderia me fazer ficar com frio.
- Claro que não. A não ser que queira.
- Seu idiota, tudo o que eu quero é você, dãh. - Beijei seu rosto. - O que falaram depois que eu subi?
- Não quer mesmo dormir? - Ele perguntou.
Fiz que não com a cabeça. Ele suspirou.
- A loira...
- Tia Rose.
Ele fez uma péssima imitação da minha voz:
- "Tia Rose acha que devemos levar você pra algum lugar não-civilizado".
Soltei uma gargalhada.
- Pra onde ela quer ir?
- Não lembro.
- O que eu tenho que fazer pra você dizer? Espera, não responde.
Nós rimos. Tentei ficar mais perto dele.
- Fora dos Estados Unidos, não é? - Arrisquei.
- Muito longe. Não quero ficar longe de você.
- Ou não quer viajar com um monte de vampiros.
Olhei-o. Não houve resposta.
-Tudo bem, Jake... Vamos ficar bem hoje, ok? - Coloquei cada perna de um lado de sua cintura e beijei-o uma última vez, tentando fazer com que o momento se estendesse. Ele passava suas mãos em minhas costas, e depois no meu cabelo. Afastei o rosto e observei seu sorriso, que me fez sorrir também. Tirei o casaco e joguei para trás.
- Perfeita. - Sussurrou ele. - Você é completamente perfeita.
Eu corei. Fui correndo fechar as cortinas e voltei a deitar nos seus braços.
- Boa noite. - Disse ele, e eu tentei não ter sonhos ruins, já que tudo estava quase perfeito.