quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Possibilities

Haviam se passado sete dias desde a minha formatura.
Eu havia ganhado um presente de meu pai: uma guitarra cor de cereja, com detalhes em branco. Obviamente, eu adorei o intrumento, apesar de me dar melhor com o piano e causar ciúmes em um certo Jacob por ficar mais tempo com ela. Tio Emmett havia pagado os mil dólares por me fazer beber aquela coisa horrenda (eu fiquei com uma horrível dor de cabeça e o gosto de alcóol na boca mesmo no dia seguinte). Também tive novidades: tia Rose havia me filmando tocando e cantando My Immortal e, não sei porquê, mandou o vídeo para Julliard. Eles me aceitaram. Eu fiquei extasiada com a ideia de viver em Nova York, mas recebi um "não" de meus pais, pois fazia sol na cidade. Era perigoso.
Senti naquele momento que meus sonhos haviam sido destruídos. Sempre gostei de música, e sentia naquele momento a pressão de ir para a universidade com meus pais. Medicina? Não, eu mataria qualquer humano que estivesse jorrando sangue. Direito? Nunca seria capaz de julgar ninguém. O que eu queria era música. Ela falava tudo o que eu sentia.
Mas é claro, essas possibilidades não podiam existir na vida de uma meio-humana, meio-vampira.
Eu estava sentada no sofá, dedilhando Cherry. Sim, esse era o nome da minha guitarra (meu pai achou engraçado. Acho que mamãe pensou "Meu Deus, minha filha está ficando louca colocando nomes nos instrumentos"). Meu celular começou a vibrar no bolso, e eu levei a mão até lá. Vi o identificador de contato e sorri. Atendi logo em seguida:
- Olá, garota. Esqueceu mesmo de mim?
- Nossa, como você é exagerada - Debochou Sarah - Enfim, só estou passando uma mensagem rápida.
- Diga. - Eu falei, tentando equilibrar o celular no ombro enquanto tirava um acorde em sol.
- Estou para enlouquecer com Tom aqui em casa. Falei com Derek. Vamos sair, nós três?
- Espere. - Eu tirei o telefone do ombro e virei para minha mãe, que lia Um Estudo em Vermelho no sofá da minha frente. - Mãe?
Ela olhou para mim com aqueles intensos olhos cor de manteiga derretida.
- Posso sair com Sarah e Derek? Não vamos demorar, por favor... - Fiz biquinho.
Ela sorriu e fez que sim com a cabeça, voltando a se perder no mundo da leitura. Coloquei o telefone de volta no ouvido.
- Posso ir. Pra onde vamos?
- Vai ser só um piquenique - Disse ela. - O pai "zilionário" de Derek deu um carro para ele. Nós vamos te buscar.
- Não vão me sequestrar? - Eu ri.
- Apesar de a ideia ser tentadora, não vou. Se arrume. Vamos estar aí em meia hora.
- Sim senhora. - Desliguei o celular. Coloquei Cherry de pé no braço do sofá e minha mãe perguntou:
- Onde está Jacob?
Eu respondi distraída:
- Não sei, ainda não coloquei um GPS nele.
Ouvimos uma gargalhada estrondosa. Arregalei os olhos, enquanto minha mãe apenas deu um suspiro. Tio Emmett apareceu na sala, como se alguém tivesse feito uma palhaçada realmente hilária.
- Eu já disse que essa menina foi a melhor coisa que você e Edward fizeram? Finalmente alguém que tenha senso de humor comigo!
Dei uma risadinha e subi para o meu quarto. Escolhi uma roupa simples: calças skinny e um blusão vermelho com capuz. Meus cabelos estavam compridos, na metade das costas. Deixei os cachos caídos fora do capuz e coloquei uma bota de cano médio.
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Enfim, nosso piquenique foi ótimo. Me senti meio desconfortável, porque meus amigos levaram tudo, e eu, apenas era a convidada.  Estar com meus melhores amigos do primeiro (e último) ano na escola foi ótimo. Conversamos sobre tudo, os micos na escola, as notas baixas (pena que não me enquadrei nessa conversa... fazer o quê, sou uma nerd), Charlotte Barnes e seu filho recém-nascido (Sarah disse que o bebê nasceu com chifrinhos e um tridente)... O ano tinha passado rápido demais. Tudo o que tivemos que deixar de lado foi o detalhe de nossas famílias. Derek não sabia do meu lado vampírico, e ele tinha uma família de milionários, o que não gostava. Os pais de Sarah haviam morrido, seu irmão estava morando na Irlanda e seus pais adotivos a odiavam. Nós iríamos, claramente, nos sentir desconfortáveis.
Olhei no relógio. 5 horas. Havíamos ficado alí, de bobeira, por duas horas.
- Ah, caramba. - Eu disse, respondendo rapidamente a mensagem do meu pai: "Já estou indo, papai. O que querem falar comigo?".
- O que foi, Nessie? - Perguntou Derek, franzindo a testa.
- Meu p... irmão, Edward, disse que quer falar uma coisa comigo.
Sarah mordeu de leve o lábio inferior.
- Tudo bem. Vamos levá-la. Mas eu ainda queor sair com você, só as garotas.
- Pode deixar. - Eu falei, enquanto levantáva-mos, entrando no carro.
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Abri a porta de casa, abaixando o capuz.
- Mãe? Pai?
Em um segundo, eu olhava para o nada. No seguinte, os dois estavam na minha frente. O ar ficou mais frio... Literalmente. Minha mãe colocou a mão no meu pulso e me fez sentar.
- Juro que não fiz nada de errado.
Meu pai deu um sorriso torto e olhou para a minha mãe.
- Conta pra ela.
- O quê? - Perguntei, intrigada. Ela tirou de trás das costas uma coisa, um papel retangular. Demorei um pouco para ler as letras: alguma coisa sobre avião. - Vamos viajar.
Ela sentou-se do meu lado, tirando um cacho do meu rosto. Seu toque era frio, mas reconfortante.
- Mãe...
Eu sentia que havia algo errado, mas por quê?
- Você vai conhecer sua avó materna e meu padrasto. - Ela quase sussurrou. - Demorei muito tempo pra decidir isso, mas acho que já é hora. Sinto falta de minha mãe, ela é mortal e... - Sua voz falhou.
Senti vontade de chorar, ou dizer que não, dizer que não queria conhecer a mãe dela, pois eu sabia que teríamos que mentir para a minha avó. Ela não podia dizer que eu era sua neta sem que revelasse a verdade...
Enterrei meu rosto nos cabelos da minha mãe. Eu estava tremendo. Antes que minha mãe se desesperasse, meu pai leu minha mente e disse a ela:
- Nessie está em choque. Não imaginou que... você sabe.
Ela acariciou meus cabelos. A ideia ainda me assustava.
Jake saiu do quarto dele.
- Não vai fazer nada contra a vontade dela. - Ele afirmou.
Ótimo, timing perfeito. Quase o xinguei.
- Como se você decidisse alguma coisa. - Grunhiu a minha mãe.
- Ah, pelos céus, parem! - Eu gritei. Senti que copiara o vocabulário de Shahriar, dizendo "pelos céus". - Claro que a ideia me assuta um pouco, mas, eu vou fazê-lo.
Percebi que meu pai estava rindo. Olhei séria pra ele.
- Não estou rindo da sua cara, querida. - Disse ele, depois de ler a minha mente.
Levantei da cadeira, suspirando calmamente.
- Onde está tia Rose?
- Ela saiu com Alice. - Falou mamãe.
Peguei meu celular e digitei uma mensagem para tia Alice: "Tia, se souber da viagem, quero que faça a minha mala, pode ser? Coloque as roupas, o sapato, o que for, na conta do papai. Obrigada".
- Por que na minha conta? - Reclamou ele.`Olhei para Jake.
- Desculpe, Bella. - Disse ele. - Eu apenas, sei lá, não queria ela longe.
- Tudo bem. - Murmurou ela. Caminhou até mim e disse: - Descanse um pouco, amor. Vamos amanhã.
Assenti. Ainda estava cedo, mas eu me sentia realmente exausta.
- Descansar... - Sussurrei, sonhadora. Acho que não estava exausta, afinal, só assustada. Assustada como um estúpido bebêzinho. Nossa, como eu sou idiota.
- Não seja tão dura consigo mesma. - Disse meu pai, afagando minha cabeça. Eles desapareceram, indo para o quarto.
Estávamos só eu e Jacob na sala.
- Não ficou chateada, certo? - Perguntou.
Eu ri. Esfreguei as mãos no rosto.
- Claro que não. Bem, você sabe... É assombroso.
Ele fez cara de quem não entendeu.
- O quê?
Abracei-o. Ele retribuiu.
- Esqueça, vou dormir.
Jake colocou as mãos no meu rosto e me beijou. Quando terminou, dei um leve empurrão nele e dei uma risadinha. Ele deu aquele sorriso que eu adoro.
Subi as escadas em uns dois segundos. Entrei no quarto e tirei as botas, jogando-as no canto do quarto. Joguei-me sobre a cama, suspirando pesadamente em cima do travesseiro. Minhas pálpebras pesaram, e logo eu dormi.
Mas minha cabeça continuava trabalhando a mil por hora. Meus pensamentos tentavam decodificar a aparência de minha avó materna. Ela seria linda como minha mãe?

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